O anúncio do acordo que garantiu a presença do deputado federal Irmão Lázaro (PSC) como postulante ao Senado nas eleições 2018 na chapa de encabeçada pelo pré-candidato ao governo da Bahia José Ronaldo (DEM), foi marcado por constrangimento de lideranças do grupo oposicionista do Estado. Após se colocar como obstáculo, o também deputado Jutahy Magalhães Jr. (PSDB), que também vai tentar o cargo de senador do grupo oposicionista, comunicou o recuo na sua posição para “pacificar o grupo” e “facilitar as coisas”, segundo ele.
A decisão aconteceu após “calorosa” reunião em Salvador, nas palavras do próprio Jutahy. Na ocasião, Lázaro, ligado à igreja Assembleia de Deus, comprometeu-se a pedir voto para o aliado durante a campanha – o que pesou na decisão.
Até então, a cúpula do PSDB da Bahia era contra a presença de Lázaro na composição, pois temia que o parlamentar, terceiro mais votado do Estado nas eleições de 2014, ultrapassasse Jutahy nas intenções de voto – situação apontada em pesquisas eleitorais de consumo interno.
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República nas eleições 2018, Geraldo Alckmin, também teve papel decisivo na resolução do imbróglio, que se arrastava há semanas e sem solução a quatro dias da convenção estadual do DEM, marcada para acontecer no dia 3 de agosto.
A mudança de posição de Jutahy aconteceu após o presidente do PSDB baiano, João Gualberto, encontrar-se com Alckmin em Brasília nesta semana. Segundo apurou o Estado com interlocutores tucanos, o presidenciável pediu empenho do correligionário para resolver a situação, a fim de agradar o DEM como contrapartida ao apoio que recebeu do partido, que compõe o centrão, na corrida presidencial.
Alckmin, por sua vez, havia sido contatado diretamente pelo próprio José Ronaldo (DEM) e pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM. Ambos pediram auxílio ao pré-candidato do PSDB para convencer Jutahy Magalhães Jr. a aceitar a presença de Irmão Lázaro na aliança.
Durante o encontro que referendou a aliança com o PSC, Neto, José Ronaldo, Lázaro e Jutahy negaram a influência do presidenciável tucano no processo que unificou as legendas na Bahia.
“Hoje o ambiente é muito melhor pra todos nós, porque eu acredito sinceramente que Geraldo Alckmin vai para o segundo turno e devemos muito isso à ação política do prefeito ACM Neto, que organizou as forças políticas no Brasil para fortalecer Geraldo Alckmin e isso tem influência na Bahia. Então, para facilitar a situação e criar um ambiente de harmonia, nós estamos aqui juntos”, afirmou o pré-candidato tucano ao Senado.
A fala dele abriu o encontro, que teve a presença do presidente do PSDB da Bahia João Gualberto, do prefeito e presidente do DEM ACM Neto, dos pré-candidatos José Ronaldo e Irmão Lázaro, do presidente do PSC da Bahia, Heber Santana, de deputados federais e estaduais dos partidos, entre outras lideranças da base aliada.
Segundo um interlocutor do DEM, a iniciativa do PSDB em convocar por conta própria o anúncio do acordo visava justamente “limpar” a imagem arranhada do partido no caso, após diversas discussões públicas de Jutahy com lideranças da base aliada que apoiam a pré-candidatura de Lázaro.
A convocação foi feita às pressas, no final da tarde desta segunda-feira, 30, prazo final dado pelo prefeito ACM Neto, condutor das articulações políticas oposicionistas, para a resolução da questão. Na ocasião, apesar dos discursos políticos amigáveis, era visível o incômodo de Jutahy e José Ronaldo.
“Isso acabou arranhando politicamente todo mundo”, admitiu Irmão Lázaro ao Estado. “Mas ele (Jutahy) percebeu que comigo todos nós ganhamos. A questão só era eu ser aceito neste grupo”. José Ronaldo, no entanto, afirmou que “tudo saiu perfeitamente como imaginado”.
Ele também afirmou que o nome da candidata a vice-governadora será anunciado até quarta-feira. “Acho que uma mulher seria muito importante”. A vaga deve ser preenchida por um nome indicado por PRB, PV ou PTB, informou o Terra.